segunda-feira, 29 de março de 2010

O preço da liberdade é a disciplina


Bom, venho cá escrever a minha, de certa forma, rubrica mensal. Acabei de ver o programa Prós e Contras na RTP1, o qual deveria ver mais vezes, sobre o problema das escolas públicas.
Tudo isto se iniciou com a morte de um rapaz em Bragança devido ao bullying e às consecutivas denúncias das mesmas situações por todo o país.
O bullying existe porque há um problema de base na disciplina que as crianças recebem, ou melhor, que algumas crianças recebem. Eu considero que o bullying, e outras situações, não são mais do que um sintoma do que se passa em casa.
Eu, enquanto aluno, já vi cadeiras voar de encontro ao professor, canetas, livros e até o ocasional pau de giz roubado antes da aula. Para mim isto era impensável!! Porquê? Porque fui educado a ver o professor como se fosse um dos meus pais. Se eu atirasse algo a um dos meus pais sofreria consequências de imediato. Numa situação tão grave o mais provável era levar uns tabefes mas posso dizer que só levei uns "tabefes" umas três ou quatro vezes, no máximo, ao longo da minha vida. Portanto, tenho total noção de que a violência, por mais "leve" que seja, não é a solução para a maioria das situações. Outra coisa que me incutia respeito/medo do professor era o facto de minha mãe, no primeiro dia de aulas, dizer ao professor, à minha frente, que se eu saísse da linha que ele poderia dar-me uns tabefes. Ou seja, a autoridade da minha mãe ou pai, era transmitida ao meu professor e qualquer atitude que eu tivesse para com ele seria o mesmo que fazê-la a um dos meus pais. Se os próprios pais não incutem respeito, para com eles ou para com outras figuras de autoridade, como por exemplo um professor, não necessariamente através da violência, como podem os professores exerce-la? É impossível! Não dá. Nem os próprios auxiliares de educação, ou seja os contínuos, podem exercer qualquer autoridade sobre um aluno. Já vi acontecer um continuo levar um aluno para o conselho directivo pegando-lhe pela orelha e após umas duas horas estava a família na escola a dar-lhe porrada com a policia à mistura. Nem quiseram saber o que o seu filho fez, foram direitinhos ao homem. O continuo agiu mal? Talvez tenha sido exagero da parte dele mas o que ensina a família agindo daquela forma? Para que conste, o rapaz estava a arrancar os ramos de uma pequena árvore do jardim interior à escola.
Eu considero que a escola é um prolongamento do lar e que se os pais não trabalhassem e não tivessem responsabilidades para com a sociedade, estariam em casa a ensinar os seus filhos. Portanto, o professor adquire, de certa forma, uma função que é dos próprios pais pois estes não a podem exercer quer por falta de tempo quer por falta de formação.

Estas atitudes escolares/familiares têm depois repercussões no resto da vida do aluno, quer ele assuma ainda o papel de aluno ou como adulto inserido no mercado de trabalho. Tenho por exemplo, o facto de eu estar na Universidade onde se CABULA a torto e a direito. Já chegou ao ponto de um aluno entregar o teste resolvido com as folhas das cábulas dentro dele! É absolutamente inaceitável! Como podem os pais de alguém ensinar que a saída rápida é a melhor? Isto é a vitória do "Chico-Espertismo"! Pior de tudo, é que estas pessoas serão os gestores de amanha! Eu fui ensinado a considerar tal acto uma DESONRA e um entrave à minha evolução pessoal. Posso afirmar, à boca cheia como se diz na gíria, que nunca cabulei e tudo devido à educação que recebi de meus pais.
É razão para perguntar onde param os valores, os princípios e a ética de ser pessoa nesta mundo. Esta lacuna, da falta de educação por parte dos pais, que origina uma corrida às leis, através do estatuto do aluno, do estatuto do professor etc, etc, etc, é a base do problema nas escolas. Além de minar a autoridade do professor. Meus amigos, essas leis compiladas já deveriam ser parte das crianças e das pessoas!! Não é sobrecarregar o sistema com leis e burocracias, tirando a responsabilidade das costas das pessoas (pais e alunos) para culpabilizar os professores e todos os profissionais de educação. Esta é mais uma manobra do "Chico-Espertismo"! Atirar a culpa para o Estado e para os seus funcionários que todos os dias tentam o seu melhor, uns mais que outros, para educar e ensinar os nossos filhos.

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